Jesus situou, assim, a humildade espiritual em primeiro lugar, entre as virtudes que precisamos adquirir para merecermos a glória das almas redimidas.
Por pobres de espírito, na acepção em que Jesus empregou essas palavras, devem-se entender aqueles que, aspirando à perfeição, e comparando com o ideal a ser atingido o pequenino grau de adiantamento a que chegaram, reconhecem quanto ainda são carentes de espiritualidade.
São bem-aventurados porque a noção que têm de suas fraquezas e mazelas fá-los lutar por aquilo que lhes falta, e esse redobrar de esforços leva-os realmente a conseguirem maior progresso espiritual. Já aqueles que se acomodam a ínfimos padrões de moralidade, ou se mostram satisfeitos com seu estado, considerando-se su cientemente bons, ao contrário dos primeiros, não se incluem entre os bem-aventurados porque, seja por ignorância, seja por orgulho, permanecem estacionários, quando a vida espiritual, assim como tudo na Natureza, rege-se por um impulso constante para a frente e para o alto!
A colocação da humildade de espírito, como a primeira das beatitudes, parece-nos, pois, não ser meramente fortuita, mas sim proposital, visto que a felicidade futura de cada indivíduo depende muito do conceito que ele faça de si mesmo.
Quem se imagina com perfeita saúde não se preocupa com ela, nem procura um médico para tratá-la. Também aquele que se presume sem de- feitos, ou já se considera salvo, descuida da higidez de sua alma, e, quando menos espere, a morte o surpreenderá sem que tenha avançado pelo menos um passo no sentido da realização espiritual.
Fonte: O Sermão da Montanha - Rodolfo Calligaris - Federação espírita brasileira